Serão de sexta-feira

Sexta-feira de Lua a mingar.
Escuridão lá fora. Uma lâmpada acesa aqui na caravana.
A água a correr lá em baixo no riacho.
O vento parou.
A porta da casa de banho seca tem uma dobradiça partida (quebrou quando a abri hoje de tarde).
O David foi de caminhada nocturna com um amigo.
Vai dormir com as estrelas numa montanha perto de nós.
A Missanga e a Lara descansam entre o sofá e a cama.
Guardo a comida delas aqui dentro, pois "alguém" a tem andado a roubar.
Não que eu tenha alguma questão em alimentar animais selvagens, mas queria conhecê-l@.
Deves ser uma geneta, certo?
Tens andado por aqui. Tenho tentado comunicar contigo, pois quero conhecer-te, perceber-te. Gostas de escavar os bolbos que acabo de colocar ou qualquer outra planta nova que plante aqui no terreno. Fico frustrada, mas que posso fazer?
Ao tentar comunicar contigo, não me dizes nada; apenas vejo a imagem de ti, tal como um ratito de dentes bem à mostra com as patas perto da boca a mordiscar o que quer que seja.
Hoje ouvi-te aqui debaixo da caravana. Hoje ouvi o teu guinchar.
Quero falar contigo e conhecer-te, é possível?

Foi um dia grande, com meditação e limpeza do terreno.
Com a notícia de uma amiga que partiu; deixou o seu corpo físico e partiu para a luz.
Com o choque da notícia e a beleza da paz do desencarnar.

E neste serão, no silêncio de um céu escuro e de um silêncio cheio de sons, partilho o que por aqui se tem passado e feito.

Temos regado as árvores, antes das grandes chuvas, com a água cinzenta que vem da caravana. É extremamente reconfortante saber que não há qualquer desperdício da forma que vivemos. Poder regar e alimentar as novas árvores com a água que usamos é tão bom!





A taça de comida das gatas vazia e uma das taças de água com um presente fecal! Obrigada Geneta!


A Primavera chegou em pleno, num frio matinal e nocturno e em dias que às vezes são solarengos e outras vezes nem por isso. Às vezes chove, outras vezes está só nublado. Às vezes dá para usar o forno solar, outras vezes não dá sequer para carregar as baterias para a energia eléctrica. O tempo fresco é ideal para trabalhar no terreno e os dias de sol convidam para um trabalho mais leve.


O verde chega em grande. Muitas árvores que pensámos mortas estão a rebentar, ora do chão, ora de troncos ardidos. As ervas saem em força do solo e os verdes silvestres estão uma delícia.

Os javalis revolvem a terra a descoberto no riacho à procura de alimento. Pedi-lhes para não revolverem tanto o terreno acima do riacho e fiz um acordo para usarem o outro lado do riacho. Está também cheio de coisas boas. Os sabugueiros estão a rebentar!

 Os terraços enchem-se do verde de variados verdes silvestres e muito feto.


Pequenos sobreiros que nascem das sementes que nos foram enviados por almas generosas. Este veio da Carolina (Mandrágora)


Sinto-me tão afortunada por viver neste local. Por este local nos ter guiado até ele. Até ela. Por nos termos deixado guiar e por termos aceite este convite. 
Em gratidão, lavo os cristais que me foram oferecidos neste riacho de águas límpidas e mágicas.



Criamos um mini-jardim vertical no que resta das paletes de um outro projecto que vos vou mostrar de seguida. É da forma que temos algumas plantas mais perto de nós, aqui em cima, de forma a ser mais fácil regar. Neste momento, com tanto para fazer em tantas vertentes e com tantos chamados, tivemos de fazer opções. Preferimos cuidar da terra como está, limpá-la e criar estruturas para podermos viver no terreno. Faz parte das tarefas desta época também criarmos espaços/nichos de cultivo de aromáticas, medicinais, vegetais e frutos para que os possamos usar no ano que vem e também áreas santuários espalhados por este terreno tão lindo e mágico.






Nos dias de Primavera mais quentes, o convite foi para sermos nada, num cuidado de nós com e na Natureza (abençoada banheira!).




Festejamos Beltane, sem Maias verdadeiras!



Finalmente, a tão aguardada "estação" de compostagem; fomos buscar paletes gratuitas e com o engenhoso David a arregaçar as mangas, voilá!








 Sobreiros e macieiras a brotar!




De coração cheio, talvez fique acordada esta noite, para mergulhar nela e descobrir a vida; uma nova vida, um novo dia.
Desejo-vos um belíssimo fim de semana.
Num abraço de quartzo rosa e de flores de sabugueiro.

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